Ser mãe não vem com manual. E por mais livros, conselhos e conteúdos que se consuma, nenhuma preparação é suficiente quando o bebê chega e, junto com ele, uma avalanche de sentimentos — entre eles, o medo de errar. Esse receio, comum e legítimo, acompanha a maior parte das mulheres desde os primeiros dias do puerpério até fases mais maduras da criação dos filhos. Mas por que ele pesa tanto? E como lidar com essa sensação sem deixar que ela impeça uma vivência plena da maternidade real?
A psicóloga clínica e perinatal Juliana Melhem, especialista em parentalidade, explica que esse medo nasce de uma ideia distorcida de perfeição: “Muitas mães acham que, para serem boas, não podem falhar. Mas a verdade é que errar faz parte do processo. A criança não precisa de uma mãe perfeita, e sim de uma mãe presente, que a acolha e a ensine também com os próprios erros”.
A cobrança excessiva muitas vezes é alimentada pelas redes sociais, que mostram uma maternidade idealizada, com quartos organizados, filhos sempre felizes e mães bem-humoradas. Mas a realidade é outra. Os dias difíceis existem. O cansaço aparece. E a dúvida sobre estar fazendo tudo certo é quase inevitável.
A culpa que paralisa e a importância de acolher a si mesma
O sentimento de culpa está entre os maiores desafios da criação positiva. Ao contrário do que se pensa, essa abordagem não exige acertos constantes, mas sim um olhar respeitoso e empático tanto com a criança quanto com os pais. A psicóloga infantil Carolina Nogueira, fundadora do projeto Educar com Conexão, reforça: “A criação positiva parte da premissa de que educar é um processo de troca. O adulto não ensina apenas pelo que faz certo, mas também pela forma como lida com os próprios tropeços”.
É importante lembrar que errar não torna ninguém uma mãe ruim. Pelo contrário: é justamente ao reconhecer as falhas, pedir desculpas, conversar com os filhos e buscar melhorias que os pais ensinam valores como humildade, empatia e responsabilidade. Isso também fortalece os vínculos e humaniza a relação.
Outro ponto essencial é o cuidado emocional da própria mãe. Quando sobrecarregada ou sem apoio, ela tende a reagir com mais impaciência e menos escuta. A maternidade, para ser vivida de forma saudável, precisa ser compartilhada — seja com parceiros, familiares ou com redes de apoio presenciais e virtuais. Isso alivia a pressão e ajuda a recuperar a confiança.
Criação positiva: o antídoto para o medo constante
A criação positiva não é uma fórmula mágica, mas um caminho possível e transformador. Ao priorizar o respeito mútuo, o diálogo e a escuta ativa, essa filosofia convida os pais a educarem com firmeza e carinho ao mesmo tempo. O foco não está na punição, mas na construção de limites com empatia.
Com isso, a mãe deixa de se preocupar em ser “perfeita” e começa a se perguntar: “O que meu filho precisa agora?”, “Como posso ensiná-lo sem me anular?” ou “Como posso me cuidar para cuidar melhor dele?”. São perguntas simples, mas que mudam a perspectiva e diminuem o peso da culpa.
Aliás, segundo Carolina, mães que praticam a criação positiva relatam maior conexão emocional com seus filhos e menos episódios de estresse familiar. “Elas entendem que educar é um processo contínuo e que cada dia é uma oportunidade de recomeçar”, diz a psicóloga.
Maternidade real: quando o amor também se aprende
É essencial acolher a maternidade real: aquela que aceita os dias difíceis, as birras, os choros, os desabafos no banho e os pedidos de desculpa sinceros. Aquela que se constrói aos poucos, no olhar, no colo, na escuta. Que entende que criar um filho é também se recriar como mulher, como pessoa.
Acolher o medo de errar é o primeiro passo para não ser refém dele. Significa entender que as dúvidas fazem parte, mas que não precisam ser paralisantes. Ao invés de buscar aprovação constante ou tentar seguir modelos inalcançáveis, é mais valioso ouvir a própria intuição, observar seu filho e aceitar que a jornada é feita de imperfeições.
No fim das contas, o que as crianças mais precisam são de adultos dispostos a crescer com elas. E isso, sim, é um gesto de coragem — não de falha.

Maira Morais, é Mãe, Makeup e influenciadora digital que se destaca no universo da beleza por sua criatividade e técnica refinada. No mercado a anos, decidiu compartilhar dicas de maquiagens, beleza, maternidade e demais inspirações para o universo das mulheres.