Quando o assunto é ganhar massa muscular, não faltam dúvidas, conselhos e fórmulas prontas. Mas, na prática, será que existe mesmo um caminho certo? De acordo com uma pesquisa inédita realizada por especialistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a resposta pode ser muito mais simples – e surpreendente – do que parece.
Esqueça a ideia de que levantar muito peso automaticamente leva a mais músculos. Ou que repetir o mesmo movimento várias vezes até a exaustão é a única saída. O estudo brasileiro publicado na revista científica Metabolites indica que o fator mais determinante para a hipertrofia muscular não é o número de repetições, nem a carga elevada, mas sim a regularidade e o envolvimento com o treino.
A CONSTÂNCIA IMPORTA MAIS DO QUE O TIPO DE TREINO
Segundo a pesquisa, manter uma rotina constante de exercícios tem impacto muito maior no desenvolvimento da musculatura do que o tipo exato de treino realizado. E isso é um grande alívio para quem se frustra com os métodos tradicionais da academia.

Os autores da pesquisa acompanharam 18 homens jovens e saudáveis, todos com cerca de 23 anos e sem doenças crônicas, como diabetes. Eles foram divididos em dois grupos: o primeiro realizou exercícios com mais peso e menos repetições; o segundo, com carga leve, mas mais repetições até a exaustão. Os resultados? Nenhuma diferença significativa na resposta do corpo de ambos os grupos.
Essa conclusão reforça a ideia de que não há um único jeito certo de treinar, mas sim aquele que mantém o aluno motivado e constante.
O QUE A CIÊNCIA ANALISOU DE FATO?
Para entender como o corpo reagia a cada tipo de treino, os cientistas da Unicamp coletaram amostras de sangue dos participantes antes e depois dos treinos, analisando substâncias como creatina, fosfocreatina e asparagina – todas ligadas ao desempenho muscular. Também utilizaram um método chamado eletromiografia, que capta a atividade elétrica dos músculos em tempo real.
A ideia era entender como o corpo reagia a diferentes estímulos físicos e quais marcadores bioquímicos estavam associados ao crescimento da massa muscular. A conclusão foi clara: tanto o treino de alta carga quanto o de alta repetição provocam respostas muito semelhantes no organismo.
“O treinamento de força é um meio reconhecido de promover o crescimento muscular. No entanto, ainda não está totalmente claro se é mais eficiente atribuir valor às cargas ou ao número de repetições para atingir a hipertrofia”, explicou Renato Barroso, professor da Faculdade de Educação Física da Unicamp. Ele acrescenta: “Nosso estudo fortalece a teoria de que ambos os tipos de treinamento funcionam de maneira semelhante”.
A IMPORTÂNCIA DA REGULARIDADE E DO ESTILO DE VIDA
Se o foco é mesmo ganhar massa muscular, o primeiro passo é olhar além dos pesos. De acordo com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), o ideal é praticar exercícios de fortalecimento muscular pelo menos duas vezes por semana, combinando com 150 minutos de atividades aeróbicas.

A musculação não deve ser vista apenas como uma aliada da estética. Ela ajuda a prevenir doenças, melhora o metabolismo, protege ossos e articulações e aumenta a qualidade de vida em qualquer idade.
Além disso, manter uma rotina de sono adequada, uma alimentação equilibrada e cuidar da saúde emocional também são peças essenciais para que o corpo responda positivamente ao estímulo dos treinos. Afinal, não adianta se matar na academia e negligenciar o resto da vida.
E AS MULHERES? O QUE PODE MUDAR?
Embora o estudo tenha sido feito apenas com homens, ele abre caminho para investigações futuras sobre como mulheres reagem a diferentes cargas e repetições, considerando fatores hormonais e metabólicos próprios do corpo feminino. Por ora, o que se sabe é que as recomendações básicas de constância e adaptação ao próprio ritmo valem para todos, independentemente do gênero.
O QUE LEVAR PARA A ACADEMIA A PARTIR DE HOJE?
Em vez de buscar o treino “perfeito”, talvez o segredo esteja em respeitar o seu corpo, adaptar os exercícios à sua rotina e manter a constância. Se você prefere treinar com pesos mais leves e repetições longas, vá em frente. Se gosta de levantar mais carga, tudo bem também. O mais importante é criar um vínculo com o exercício – e fazer disso um hábito prazeroso.
Assim, a musculação deixa de ser uma obrigação e passa a ser uma escolha consciente por mais saúde, força e autoestima. Como reforça o professor Renato Barroso, os dois caminhos funcionam. Mas só a constância transforma.

Maira Morais, é Mãe, Makeup e influenciadora digital que se destaca no universo da beleza por sua criatividade e técnica refinada. No mercado a anos, decidiu compartilhar dicas de maquiagens, beleza, maternidade e demais inspirações para o universo das mulheres.