Se você já se deparou com vídeos de bonecas que respiram, choram ou até ganham nomes e quartinhos decorados como se fossem recém-nascidos de verdade, você foi apresentada ao mundo dos bebês reborn. A febre não é nova, mas o Brasil está vivendo uma nova onda de paixão por essas bonecas hiper-realistas que mais parecem saídas da maternidade. E, em muitos casos, a relação com esses pequenos de silicone vai muito além de uma simples brincadeira.
O termo “reborn” vem do inglês e significa “renascido”. As bonecas recebem esse nome porque são cuidadosamente transformadas por artistas — chamados de reborners — que pintam, colocam cabelos fio a fio, criam texturas de pele, veias, unhas e até sistemas que simulam batimentos cardíacos e respiração. O resultado é uma representação de bebê com aparência, peso e delicadeza quase idênticos aos reais. Mas o que antes era um item de colecionador ou um brinquedo diferenciado, hoje ocupa um lugar afetivo importante na vida de muitas pessoas.
A psicóloga clínica e psicanalista Cristina Villas Boas explica que, para algumas mulheres, especialmente aquelas que enfrentaram perdas, luto gestacional ou desafios com a maternidade, os bebês reborn podem ser uma forma simbólica de preencher vazios emocionais. “Eles funcionam como um suporte afetivo. Não substituem uma criança real, mas ajudam a ressignificar traumas e dores que foram deixados em silêncio por muito tempo”, observa.

Esse aspecto terapêutico é, inclusive, defendido por muitos especialistas em saúde mental, desde que seja acompanhado de consciência e equilíbrio. “Tratar uma boneca como um bebê em momentos pontuais pode ser reconfortante. O problema surge quando a fantasia passa a dominar a realidade e há uma negação da vida como ela é”, explica Lucas Giannini, psicólogo especializado em comportamento e vínculo.
Nas redes sociais, o assunto rende milhões de visualizações. Vídeos mostrando o “dia a dia com meu reborn” são populares no TikTok e no Instagram, despertando tanto fascínio quanto polêmica. Há quem se encante com o cuidado, os enxovais e os detalhes — mas também quem critique o excesso de realismo ou questione a saúde emocional de quem interage com o boneco como se fosse um filho.
No Brasil, o crescimento do interesse por bebês reborn tem sido notável nos últimos anos, especialmente após a pandemia, período em que o isolamento potencializou sentimentos de solidão e ansiedade. A busca por vínculos afetivos, mesmo que simbólicos, intensificou a adesão a esse universo. Lojas especializadas passaram a oferecer carrinhos, roupas e acessórios exclusivos para os bonecos, enquanto eventos presenciais e encontros de “mamães reborn” ganham força em comunidades online e offline.
Mas nem todo mundo que adquire um bebê reborn o faz por razões emocionais profundas. Muitas mulheres, especialmente colecionadoras e entusiastas de bonecas, enxergam essas criações como arte. Os detalhes minuciosos, a pintura delicada e o acabamento cuidadoso são motivos de admiração estética. Algumas chegam a investir milhares de reais por uma única peça personalizada, assinada por reborners renomados.
Ainda assim, é impossível ignorar a linha tênue entre o encantamento e o escapismo. Afinal, quando um objeto inanimado começa a ocupar o lugar de relações reais, surge o questionamento: estamos diante de uma brincadeira ou de um mecanismo de fuga? A resposta não é única — e vai depender do contexto, das emoções envolvidas e da forma como essa relação se desenvolve.

Social Midia e crítica de cultura pop, Renata domina o mundo das fofocas e novelas como ninguém. Com uma trajetória em grandes portais de entretenimento, ela traz uma visão divertida e crítica sobre os bastidores do universo das celebridades e das tramas de novelas. Renata é conhecida pelo seu tom bem-humorado e envolvente, que leva os leitores a se sentirem parte dos acontecimentos, discutindo os detalhes de suas novelas favoritas e compartilhando curiosidades imperdíveis das estrelas.