Em um universo onde o olfato encontra o luxo, os perfumes árabes surgem como protagonistas de uma revolução silenciosa — porém intensamente perfumada — no mercado brasileiro. Com fragrâncias opulentas, embalagens que parecem ter saído de um palácio em Dubai e um rastro que não passa despercebido, eles deixam para trás a imagem de produto de nicho e se consolidam como um verdadeiro desejo de consumo. O ano de 2024 registrou um crescimento de 380% nas vendas dessas fragrâncias no Brasil, colocando os olhos (e o nariz) do mundo da beleza sobre essa nova obsessão nacional.
Aliás, basta abrir o TikTok para perceber o impacto da tendência: são mais de 60 mil vídeos com a hashtag #perfumearabe, que exaltam desde o visual das embalagens até o poder hipnótico de notas como oud, âmbar, sândalo e incenso. Esses ingredientes, tradicionalmente usados na perfumaria do Oriente Médio, estão em alta por aqui justamente por entregarem o que a consumidora brasileira valoriza: presença, sofisticação e longa duração.
Segundo a especialista em perfumaria e diretora comercial da Circana, Ana Seccato, os perfumes árabes caíram como uma luva para o gosto nacional. “A mulher brasileira gosta de ser lembrada. E um perfume que deixa rastro, permanece na pele o dia inteiro e ainda entrega uma experiência sensorial rica, é tudo o que ela procura”, observa. Para Ana, esse match cultural explica por que, mesmo representando menos de 1% do mercado de fragrâncias importadas, o segmento árabe já movimenta mais de R$ 20 milhões por ano no Brasil.

A sofisticação visual também é parte do encanto. Os frascos dessas fragrâncias são verdadeiras obras de arte: com arabescos, tons metálicos e formatos inusitados, eles atraem o olhar antes mesmo de exalar o primeiro acorde. E isso importa — e muito — numa era em que o perfume também “precisa ser bonito no feed”. Segundo levantamento do mercado, mais de 90% das compras ainda são feitas em lojas físicas, onde o impacto visual conta para converter olhares em vendas.
Além do fascínio estético e sensorial, há também uma mudança no comportamento do consumidor jovem, especialmente da geração Z, que se mostra cada vez mais interessada em fragrâncias de identidade forte, que expressem originalidade e individualidade. O resultado? Um boom no consumo que surpreende até os especialistas do setor.
“O que antes era considerado ‘exótico’ virou aspiracional. Hoje, vemos as grandes marcas internacionais lançando edições especiais com base em notas orientais”, aponta o perfumista e pesquisador olfativo Rodrigo Guimarães, consultor da indústria cosmética. Grifes como Tom Ford, Jean Paul Gaultier e Bvlgari já embarcaram nessa onda, desenvolvendo perfumes com oud, rosa damascena, baunilha escura e até patchouli árabe — muitas vezes em colaboração com influenciadores do Oriente Médio.
Essa ponte entre culturas também indica que o sucesso dos perfumes árabes vai além de uma moda passageira. Há uma transformação real na forma como os brasileiros se relacionam com a perfumaria, especialmente com fragrâncias mais complexas e ousadas. O consumidor está mais curioso, mais conectado e, acima de tudo, mais exigente.
Com preços médios de R$ 345, mas com opções que variam de R$ 120 a R$ 2.000, os perfumes árabes democratizam o luxo sem perder a aura de exclusividade. E tudo indica que, em 2025, essa jornada perfumada continuará ganhando novos capítulos — ou melhor, novas notas.

Maira Morais, é Mãe, Makeup e influenciadora digital que se destaca no universo da beleza por sua criatividade e técnica refinada. No mercado a anos, decidiu compartilhar dicas de maquiagens, beleza, maternidade e demais inspirações para o universo das mulheres.