Quem tem um cão em casa já se deparou, ao menos uma vez, com um uivo inesperado durante a noite. Enquanto todos dormem, aquele som prolongado e melancólico corta o silêncio e levanta uma dúvida comum entre tutores: por que meu cachorro uiva à noite?
A resposta envolve muito mais do que simples barulhos ou manias — esse comportamento tem raízes instintivas e pode carregar mensagens importantes sobre o bem-estar emocional e físico do animal.
Uivo noturno: instinto ancestral ou pedido de atenção?
O uivo dos cães é um comportamento herdado dos lobos, seus ancestrais selvagens. No passado, os lobos uivavam para manter contato com outros membros do grupo e avisar sobre presença de perigo ou localização. Mesmo domesticados, muitos cães ainda preservam esse hábito, especialmente quando estão sozinhos, ansiosos ou diante de estímulos auditivos como sirenes, fogos ou até o som de outros cães.
“O uivo pode ser uma forma de comunicação à distância, principalmente quando o cão está se sentindo solitário ou inseguro”, explica a veterinária comportamentalista Cristiane Iversen, especialista em psicologia canina. Segundo ela, os cães à noite tendem a uivar mais quando há uma mudança no ambiente, como a ausência dos tutores ou um novo barulho vindo da rua.
Cachorro uivando: o que isso pode indicar emocionalmente
Além do instinto, o cachorro uivando pode estar sinalizando um quadro emocional que merece atenção. Solidão, ansiedade de separação e até tédio acumulado são fatores comuns entre pets que passam muito tempo sozinhos ou não têm atividades suficientes para gastar energia.
O comportamento pode ainda indicar carência. “Um cão que uiva repetidamente pode estar tentando chamar por alguém do seu grupo familiar, ou seja, os próprios tutores”, afirma o adestrador e especialista em comportamento canino Luiz Pillon. Ele orienta a observar se o uivo acontece sempre em horários específicos, como logo após o tutor sair de casa ou durante a madrugada, o que pode evidenciar ansiedade.
Fatores externos e ambientais que provocam uivos
Nem sempre a causa está ligada a fatores emocionais. Em muitos casos, estímulos externos como barulhos altos, trovoadas, sirenes de ambulância ou sons agudos no ambiente despertam a vontade de uivar nos cães. Há também raças naturalmente mais vocais, como o Husky Siberiano e o Malamute do Alasca, conhecidas por se comunicarem por meio de uivos com mais frequência.
Além disso, mudanças na rotina, como viagens, reformas, chegada de um novo pet ou até mesmo a ausência prolongada dos tutores, podem gerar insegurança no animal e desencadear comportamentos como o uivo, que funciona como um pedido de conexão ou alívio da tensão.
Uivo pode ser alerta de dor ou desconforto físico
Outro ponto importante a ser considerado é a saúde. Em casos menos comuns, mas igualmente importantes, o uivo pode sinalizar que algo está errado com o corpo do animal. Dores crônicas, problemas auditivos, disfunções cognitivas em cães idosos (como a síndrome da disfunção cognitiva canina) e até doenças como otite e distúrbios neurológicos podem se manifestar por meio do uivo noturno.
Por isso, se o seu cão começou a uivar de maneira repentina e sem estímulo aparente, o ideal é levá-lo a uma avaliação veterinária. “Alterações no comportamento, especialmente quando surgem de forma abrupta, podem estar associadas a desconforto físico ou dores internas, alerta Cristiane Iversen.
Como lidar com o uivo do cachorro à noite
Antes de tudo, é importante entender o que está por trás do comportamento. Se for ansiedade, enriquecer o ambiente com brinquedos interativos, passeios diários e manter uma rotina equilibrada pode ajudar. Se for tédio, o estímulo físico e mental é essencial. Já para casos de solidão, permitir que o cão fique mais próximo da família ou buscar a companhia de outro pet pode fazer diferença.
Caso o uivo esteja relacionado a medo de sons altos ou sensibilidade auditiva, tente suavizar o ambiente com ruídos brancos, isolamento acústico ou treinamento de dessensibilização. E nunca, em hipótese alguma, puna o pet pelo uivo — isso pode intensificar ainda mais o estresse e criar um ciclo de insegurança emocional.

Formada em administração e apaixonada por animais, Suzana dedica sua vida a causas que promovem o bem-estar animal. Com uma habilidade única para transformar sua paixão em palavras, ela escreve sobre pets e o mundo animal de forma envolvente e informativa. Defensora ativa dos direitos dos bichinhos, Suzana alia conhecimento e sensibilidade para inspirar leitores a cuidarem melhor de seus amigos de quatro patas. Seu estilo cativante e cheio de empatia conecta amantes de animais, trazendo dicas, histórias curiosidades que fazem a diferença na vida de tutores e pets.