Desde cedo, aprendemos a buscar aprovação. Seja com os pais, professores, colegas de escola ou nas redes sociais, o desejo de sermos aceitos e reconhecidos parece fazer parte de quem somos. Mas até que ponto essa busca é saudável? E quando ela começa a definir quem somos e como vivemos?
O que a psicologia mostra é que essa necessidade não é um defeito, mas uma herança emocional. Somos seres sociais, e evoluímos em grupo. Antigamente, ser rejeitado pelo grupo podia significar não sobreviver. Ainda hoje, mesmo em um mundo onde a independência é valorizada, o medo de sermos julgados ou excluídos ainda pulsa em nós.
O impacto da opinião alheia na autoestima
A arquiteta de nossos medos mais íntimos nem sempre é a crítica direta – às vezes é um olhar torto, um comentário despretensioso ou uma comparação que nos faz sentir insuficientes. Segundo a psicóloga Natália Rocha, especialista em saúde emocional, “quando estamos com a autoestima fragilizada, a opinião dos outros funciona como um espelho distorcido. Passamos a acreditar mais no que dizem sobre nós do que naquilo que sabemos ou sentimos”.
Esse fenômeno é ainda mais potente nas redes sociais, onde vivemos uma vitrine de vidas perfeitas. Quantas vezes você já hesitou em postar uma foto com medo do que vão pensar? Ou mudou de roupa antes de sair por receio de ser julgada? Isso não é vaidade, é vulnerabilidade – e merece acolhimento, não vergonha.
Quando a aprovação dos outros começa a nos paralisar
A linha entre querer ser aceito e se anular por isso é muito tênue. O problema aparece quando deixamos de viver o que desejamos para corresponder às expectativas alheias. Isso pode afetar desde escolhas pequenas – como o que vestir ou comer – até decisões de vida importantes, como uma carreira ou um relacionamento.

De acordo com o psiquiatra Carlos Simões, que atua com saúde mental e autoestima feminina, “a validação externa se torna um vício emocional quando a pessoa não consegue mais tomar decisões sem o aval de alguém. Isso limita a liberdade e enfraquece o senso de identidade”.
Nesses casos, o caminho para o autoconhecimento passa por reaprender a se escutar. Isso significa aceitar que você não será amada por todos – e tudo bem. A libertação começa quando a gente para de se adaptar ao gosto dos outros e começa a viver de acordo com os próprios valores.
Como se libertar do medo do julgamento
Uma das maneiras mais eficazes de se fortalecer emocionalmente é cultivar o autoconhecimento. Quando você entende quem é, o que valoriza e quais são seus limites, fica mais fácil filtrar o que merece sua atenção – e o que é só ruído.
Práticas como a escrita terapêutica, a meditação ou mesmo uma conversa com um bom terapeuta podem ajudar nesse processo. Mas a mudança também pode começar em pequenos gestos. Dizer “não” quando necessário. Escolher uma roupa que você ama, mesmo que saia do padrão. Publicar aquela selfie mesmo que não tenha o “ângulo perfeito”.
Outro ponto importante é avaliar de quem vem a crítica. Há uma diferença enorme entre uma observação construtiva de alguém que te quer bem e um comentário maldoso de quem sequer conhece sua história. Nem toda opinião merece espaço dentro da sua mente.

Especialista em Moda e estilo pessoal, Clara é apaixonada por transformar o guarda-roupa de suas leitoras em uma expressão autêntica de sua personalidade. Formada em Design de Moda, Clara escreve com o intuito de trazer dicas acessíveis e práticas, que valorizam cada tipo de corpo e estilo. Suas matérias vão além das tendências: Clara acredita que a moda é uma forma de empoderamento e autoconhecimento, inspirando leitoras a se expressarem com confiança.